"O eu é feito de pedaços do outro. Tudo é do outro. Escutar é permitir a presença do outro. O aluno que eu escuto vem morar em mim. A presença do outro me completa."
(Bartolomeu Campos de Queirós)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Em sua homenagem...

          A frase que inicia meu blog é do escritor Bartolomeu Campos de Queirós que, infelizmente,  morreu no dia 16/01/2012 em decorrência de insuficiência renal aos 67 anos.
          Abaixo está alguns fragmentos do pensamento deste tão conceituado escritor:


A vida é verbo. Passado, presente e futuro. A vida é cheia de enigmas. Quem colocou a água dentro do coco? A vida é uma grande fantasia. A criança vive de fantasia, portanto, vive de realidade. A tarefa do professor é confirmar a presença dessa criança no mundo.”


A vida, além de preciosa, é um processo de subtração: cada dia a mais é um dia a menos. E a criança, inegavelmente, é mais do que nós adultos, ela tem mais tempo a ser vivido. Não temos o direito de apressar essa conta de menos. Ao contrário, a escola precisa ajudar a espichar o tempo da criança e ajudá-la a desfrutar ao máximo o sabor de cada dia.”



Temos que compreender que ensinar não é educar. Que a vida é o espaço da dúvida. A verdade, toda a forma de verdade, é uma procura nossa. A nossa vida se tece na dúvida. A educação é feita de trocas de dúvidas e isso a torna mais emocionante.”


“Precisamos ter mais humildade diante da vida, pois o próprio lugar onde vivemos é humilde: não tem luz própria e precisa, para se iluminar, de uma estrela de quinta grandeza. Um poeta diria: “a terra não tem nem luz própria.”


Há três coisas que a gente aprende sozinho: a tecnologia, a prudência e a arte. Tecnologia: todos sabem cavar um poço para buscar água. Prudência: todos sabem o que é dor e prazer. Arte: todo o mundo gosta do que é bonito. A minha primeira cartilha foi o olhar do meu pai. Às vezes é o olhar do professor que está trabalhando contra. O olhar inaugura a aprendizagem. Eu só me vejo no olhar de vocês. A minha felicidade está no olhar de vocês.”


Escola é o lugar da escuta. É preciso que se compreenda a diferença entre ouvir e escutar. Ouvir é um fenômeno fisiológico. Escutar pressupõe tentar adivinhar o que está obscuro.
Podemos estabelecer uma analogia com esse processo da escuta através dos conceitos da psicanálise: ego, o que eu conheço de mim; id, o que eu não conheço (vem pela arte); superego, o que gostaria de ser. O ego é o campo da dor, da alegria, da indiferença, dos medos. O eu é feito de pedaços do outro. Tudo é do outro. Escutar é permitir a presença do outro. O aluno que eu escuto vem morar em mim. A presença do outro me completa.”


“Escutar é mais importante do que falar. Ler é superior ao ato de escrever.
Nascer é receber a condenação de ser leitor. Para sempre. Se o professor é um leitor, o aluno também o será.”



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